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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A consaguinidade


A Consanguinidade

Por Manuel João Múrias:

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A necessidade da consciência que, em Ornitófilia, se deve ter acerca da consanguinidade levaram-me a escrever este artigo. Embora não enuncie as Tabela de Felch.
Limito-me a escrever um pequeno artigo de opinião segundo algumas leituras e prática sobre criação de aves.
Uma linhagem com bons resultados é inevitável que terá alguns elementos consanguíneos. Há que perceber essa consanguinidade, podemos e devemos ter todas as aves registadas em bases de dados ou apontamentos para concluirmos os resultados a obter.
É como reger uma orquestra, primeiro afinamos os instrumentos, depois conjugamo-los e aprimoramos até sair a peça final de forma superior. É claro que a mãe natureza é a maestrina e como ela não haverá espaço para desafinações.
Daí o maior cuidado na junção de parceiros e possíveis resultados. Não vamos estragar anos de desafios apenas porque acasalamos aves fenotipicamente exuberantes mas com historiais de grande consanguinidade. Os resultados tenderão para o desastroso. Apelo para a consciencialização de todos os criadores na melhoria dos seus exemplares, sem correr riscos desnecessários que traduzem-se em anos de retrocesso.

Significado de linhagem:
Quando me refiro a linhagem, quero com isso dizer que, são animais, neste caso aves, provenientes de acasalamentos de exemplares com grandes qualidades quanto ao standard existindo na sua obtenção uma selecção por consanguinidade.
Essa consanguinidade está presente em pequena ou grande escala e tem por objectivo manter as suas qualidades enquanto raça. Assim apresento algumas técnicas para selecção e formação de linhagens.
Há quatro tipos de acasalamentos em consanguinidade:
  • In-breeding (na linhagem)
  • Line-breeding (entre linhagens)
  • Out-breeding (fora da linhagem)
  • Out-cross (independente de linhagens, sem nenhum parentesco)

Estes cruzamentos foram e são também utilizados em ornitófilia, nos acasalamentos para preservar raças e apurá-las. São formas de tentar-se aproximar do standard, ou mesmo de alterá-lo, inovando.
Tirando o cruzamento denominado de Out-cross (independente de linhagens, sem nenhum parentesco) em que os progenitores não têm qualquer relação consanguínea entre eles. Por vezes resultantes de cruzamentos entre raças diferentes na intenção de melhorar, ou preservar pormenores do indivíduo/raça em alvo.
Dá-se o caso também de miscigenação com subespécies para aumentar a robustez do exemplar que vai servir na construção da futura cepa fortalecendo futuros cruzamentos em consanguinidade.
Ao cingirmo-nos a este tipo de acasalamentos, a cepa ou plantel, tende a divergir, perdendo-se rapidamente o controlo na evolução de bons exemplares. São necessários futuros acasalamentos onde haja consanguinidade para que a linha seja bem orientada. Há necessidade de fixar pormenores de standard para a obtenção de bons indivíduos.
Dependendo do tipo de acasalamento em consanguinidade que se pretenda, esta mesma consanguinidade poderá ser mais próxima ou mais afastada.

Vejamos:
Se o propósito é salvar uma raça da extinção poder-se-á utilizar o acasalamento em in-breeding.
O que é que acontece neste tipo de junção? Acontece que se vai trabalhar com acasalamentos muito próximos tipo pai X filho, mãe X filho, irmão X irmão ou meio-irmão, ou ainda meio-irmão com meio-irmão, Tio X sobrinha, tia X sobrinhos ou meio irmãos.
In-breeding (entre a linhagem) só como último recurso pois poderá acontecer todos os exemplares nascerem apenas com os defeitos dos pais que hipoteticamente já possuam sinais de consanguinidade. É necessário conhecer bem a árvore genealógica dos indivíduos a acasalar!
Existem outros problemas com a junção repetida em in-breeding como, taras comportamentais que perdurarão mesmo com o evoluir da raça, por vezes ocultas durante gerações e gerações.
Estes problemas de comportamento podem ser: agressividade para com as outras aves mesmo as da sua raça, agressividade entre o casal, hábito de comer os ovos ou as crias, recusa de acasalamento. Fisicamente e em geral, mais pequenos em estatura, a plumagem também medíocre, fazem pequenas posturas, criam mal os filhos muitas vezes por “negligência”, possibilidade de cegueira, não chegarem a nascer morrendo quando embriões, canibalismo.
in-breeding poderá ser benéfico para salvar alguma raça em extinção, ou melhorar o plantel, mas não deverá ser feita de forma cíclica. Sempre com compensações de cruzamento com raças próximas ou miscigenação. É um trabalho que deverá ser feito com o máximo de cuidado e com conhecimentos profundos sobre a matéria.
Line-breeding (entre linhagens) por outro lado vai usar uma consanguinidade menos intensa embora derivada parcialmente do in-breeding. Os cruzamentos serão entre tios X primos ou avó X neto (embora nem todos os criadores sejam desta última opinião). Desta forma e desde que os cruzamentos sejam pensados de forma a não coincidirem os mesmos defeitos nas proles, há uma boa probabilidade em que nasçam indivíduos mais perto do ideal do criador. Exemplificando por hipóteses: O tio que tem o defeito de ter a cabeça pequena apesar de possuir um bom porte, se for acasalado com uma sobrinha que igualmente tenha sido filha de um pai com o mesmo defeito é mais provável que tenha descendência com a cabeça pequena e sem o porte do progenitor.
No caso de o tio que tem o defeito de ter a cabeça pequena, apesar das outras qualidades, for acasalado com a sobrinha que tenha os pais sem este problema aí a probabilidade de proles com a cabeça pequena seja menor e que seja realçado qualquer outro pormenor positivo como uma boa cabeça e manter um bom porte.
Reparando nas qualidades dos ancestrais ao cruzar o casal e se a consanguinidade não for executada de uma forma sistemática. Tendo atenção à repetição na árvore genealógica de cruzamentos line-breeding ou mesmo mais longínquos de in-breeding com bons resultados. Podem ter-se exemplares de muito boa qualidade.

Se ao fruto destes últimos acasalamentos em line-breeding for introduzida uma nova qualidade no acasalamento em que o nível de consanguinidade é bastante diluído, ou ausente, como no out-cross (independente de linhagens, sem nenhum parentesco). Não haverá certeza quanto à fixação das características desejadas mas se elas se evidenciarem, teremos bons exemplares e com portação de caracteres favoráveis, tendencialmente robustos, para a continuação de um bom trabalho na fixação das características exigidas pelo Standard.

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A CONSANGUINIDADE


IN-BREDING A consanguinidade é o acalamento em circuito fechado -  entre pais e filhos;avós e netos e/ou irmãos, com o objectivo de se fixarem determinados caracteres dos pais os quais consubstanciam o “ Standard “  ideal.A consanguinidade pode conduzir a resultados excelentes e/ou a resultados catastróficos, pelo que deverá ser praticada de forma racional  e controlada, utilizando sempre canários sãos, vigorosos, ferteis.Os canários nascidos de acasalamentos consanguíneos, não obstante a fixação do seu genótipo, evidenciam maior propensão para o aparecimento de factores letais:·         Uma percentagem significativa (+/- 25 % ) morre no ovo ou após o nascimento ( maior debilidade);·         Outros são extremamente nervosos;·         Outros cegam volvidos um ou dois anos.A consanguinidade deve, portanto, ser praticada  de forma prudente e controlada,segundo esquema similar ao abaixo referenciado.    











 O acasalamento inicial não apresenta qualquer parentesco, todavia, importa fixar os seus caracteres típicos que consideramos ideais.

No primeiro ano, o acalamento do macho e fêmea iniciais, dão lugar ao nascimento do grupo 2, cujos nascituros possuirão metade do sangue dos pais ( 50% do sangue de cada um dos pais).

No segundo ano, a fêmea inicial será acasalada com um macho do grupo 2, portanto mãe e filho. Este acasalamento dá lugar  ao grupo 3 ( 3/4  ou 75 % do sangue da mãe ). Por sua vez,o macho base ( inicial ) será acasalado com uma fêmea do grupo 2 ( pai e filha) o que dá origem ao grupo 4, isto é;( 3/4 = 75% do sangue do pai ).

No terceiro ano, acasala-se um macho do grupo 3, com a fêmea original ( avó e neto) o que dá o grupo 5. Acasala-se, também, uma fêmea do grupo 4 com o macho inicial ( Avô e neta) o que dá o grupo 7.

Os grupos 5 e 7 possuem 7/8 , isto é, 86 % do sangue dos avós o que é por demais suficiente para a fixação dos caracteres essenciais e/ou determinantes.

Deste modo, constitui-se uma ou várias linhas com sujeitos uniformes e similares ao do “ Standard “  ideal, criando um canaril com elevado património genético.

introdução de canários  “out- breeding “, com excelentes características, deverá ser testada, em futuros acasalamentos com canários das nossas linhas,a fim de constatarmos se os bons caracteres dos pais são evidenciados.

Qualquer criador tem de conhecer as regras de hereditariedade a fim de alcançar as soluções e sucessos pretendidos.


É, pois, imprescindível que se interesse pelos aspectos científicos da arte de criação de canários.

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